Se por um lado a sessão especial da Câmara de Vereadores de Cajazeiras desta segunda-feira (05) não contou com um grande público, por outro ofereceu aos que marcaram presença um rico debate sobre o sistema de marcação de cirurgias eletivas do Hospital Regional de Cajazeiras, onde se pôde perceber a preocupação do Poder Legislativo e das lideranças estaduais de saúde em diminuir e, finalmente, por fim à lista de espera dessas cirurgias no HRC.
A sessão começou por volta das 17h30min e durou cerca de três horas. Após o habitual balancete de atividades dos parlamentares mirins, o presidente da Câmara, vereador Marcos Barros de Souza, convidou à mesa a gerente da 9ª Região de Saúde, Dra. Maura Sobreira, a diretora do Hospital Regional de Cajazeiras, Dra. Emmanuelle Cariry, e a ex-secretária de Saúde do município, Luciana Abreu. Também foram convidados a participarem do debate o diretor do Instituto Júlio Maria Bandeira de Melo (Hospital Infantil), Francisco Gonçalves, o coordenador de marcação de cirurgias do HRC, Müller Portinari e a coordenadora de marcação de cirurgias da Secretaria Municipal de Saúde, Anne Karine.
O presidente da Câmara deu início ao debate divulgando o balanço de cirurgias realizadas até aqui pela atual gestão do HRC, comprovando o esforço concentrado das instituições envolvidas para diminuir a fila de espera em Cajazeiras. Em seguida foi dada a palavra à diretora do HRC, Emmanuelle Cariry, que de início revelou não estar encontrando tantos problemas no sistema de marcação de cirurgias nos outros municípios da 9ª Região. Segundo ela, as reclamações em torno do processo são mais frequentes em Cajazeiras.
“É bom que todos tenham o entendimento que o Hospital Regional de Cajazeiras cobre toda a região, e por isso existe muita pressão. Na verdade esses dilemas em relação à marcação das eletivas surgem no município de Cajazeiras. Não existe nenhum tipo de polêmica nos outros municípios. Neles a população já é acostumada a marcar através das secretarias. Vem à lista pra gente e a gente opera normalmente. Nunca houve polêmica envolvendo os outros 14 municípios da região”. Citou a diretora do HRC.
A Diretora do Hospital Regional atribui isso ao grande número de médicos de Cajazeiras que também são políticos ou que possuem grande popularidade no município, fato que, durante os anos anteriores, estreitou a relação direta da população com eles, fazendo com que algumas pessoas tenham se acostumado a marcar cirurgias direto com o profissional.
“Infelizmente a população se acostumou a não seguir os trâmites legais que já existem há muitos anos. A política de marcação nunca mudou. Ela sempre passou por uma central, sempre passou pelas secretarias, sempre foi assim. Eu gosto de deixar isso bem claro, porque fica parecendo que a gente chegou ao Regional criando um monte de regras novas, quando na verdade as regras já existem há muitos anos e eu só estou colocando elas em prática. Mas a parte mais privilegiada da população se acostumou a abordar os médicos na fila do banco ou no caixa do supermercado, por exemplo, e marcar uma cirurgia”.
Para a diretora do HRC, essa prática histórica acarretou em grandes filas de espera já que a outra parte da população que não tem a mesma proximidade pessoal com os médicos e que marcou cirurgias da maneira convencional, foi passada para trás.
“A proporção de pessoas reclamando da lista de espera nos outros municípios é muito menor” afirmou a diretora.
Emmanuelle Cariry concluiu respondendo que a marcação de cirurgias eletivas é encabeçada pelos municípios porque a demanda desse tipo de cirurgia não é de responsabilidade do Estado. Ela enfatizou ainda os esforços do HRC e da 9ª Região de Saúde para estabelecer uma rede entre as unidades de modo que desafogue o hospital de Cajazeiras.
“Uma vez fui questionada sobre por que é o Município que marca. É importante deixar claro que cirurgia eletiva é uma demanda municipal, não é do Estado. Quem está fazendo é o Estado porque ele tem um espaço maior. Inclusive estamos tentando dinamizar uma rede para diluir essa demanda para outros hospitais. Não existe a obrigação de um hospital de urgência e emergência estar fazendo eletiva. Pelo contrário. Isso é ruim porque a gente tira nossos médicos da urgência, que deveriam estar atendendo algo mais grave e imediato e o coloca para fazer uma cirurgia que pode ser amanhã, na outra semana ou mês que vem.
Eletivas no Infantil
Uma das esperanças de em médio prazo diminuir o número de cirurgias no Hospital Regional de Cajazeiras está no Instituto Júlio Maria Bandeira de Melo, o popular Hospital Infantil, que vive a expectativa de se tornar um órgão federalizado através da sua adoção pela Universidade Federal de Campina Grande.
Algumas reuniões já foram feitas entre as lideranças estaduais de saúde a fim de viabilizar a realização de cirurgias eletivas no IJB. Neste sentido, o Estado já colocou à disposição do instituto recursos através de equipamentos e reformas e o Hospital Regional de Cajazeiras deverá colaborar com mão de obra. Porém um entrave junto à Prefeitura de Cajazeiras, que ainda não passou para a UFCG a escritura negativada do hospital, tem atrasado o processo.
Sobre este assunto, a gerente da 9ª Região de Saúde, Maura Sobreira, e o diretor do IJB, Francisco Gonçalves, se mostraram otimistas, mas esperam uma decisão rápida da Prefeitura.
“Enquanto nosso bloco avança, o Instituto Júlio Bandeira vai desafogar as eletivas na medida em que o Hospital Regional possa atender mais dentro do seu perfil, que é trauma e urgência. E a gente precisa de um hospital aqui na região só com esse perfil” declarou Dra. Maura Sobreira.
“Enquanto nosso bloco avança, o Instituto Júlio Bandeira vai desafogar as eletivas na medida em que o Hospital Regional possa atender mais dentro do seu perfil, que é trauma e urgência. E a gente precisa de um hospital aqui na região só com esse perfil” declarou Dra. Maura Sobreira.
Dra. Maura Sobreira também destacou os investimentos do Governo do Estado para manter a realização das cirurgias no HRC. Graças ao mutirão que vem sendo feito desde o início de 2011, 575 cirurgias já foram feitas, de um total acumulado de 800.
“A Atenção Básica de média complexidade é de responsabilidade do Município, mas como organizar isso se a gente tem uma parcela da população que sofre aguardando para fazer um procedimento eletivo? Sabemos que não é responsabilidade do Estado no ponto de vista financeiro, mas quem vai executar se a gente não tem hospitais municipais que dão conta disso? Então olhando para essa realidade foi estruturada essa política estadual de cirurgias eletivas, cirurgias agendadas, e para ela foram destinados recursos estaduais de R$ 15 milhões. Essas cirurgias têm uma contrapartida do Município, só que para o hospital garantir a realização ele tem que ter recursos, inclusive desde o alimento à vestimenta, passando pela manutenção do usuário após a cirurgia”.
Assessoria de Comunicação 9ª Gerência com Assessoria de Comunicação HRC
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